70% do valor de um inventário programático pode ser perdido com segmentações mal definidas. Esse número chama atenção — e revela um desafio comum para muitos publishers, mesmo os mais experientes.

Se você trabalha com adops, certamente já percebeu como o jogo mudou. Hoje, entregar impressões não basta. O mercado espera resultados mais refinados, entregas mais assertivas e, claro, decisões estratégicas baseadas em dados.

Com as transformações no cenário da privacidade e o fim dos cookies de terceiros, a segmentação na mídia programática ganhou um novo protagonismo. Mais do que uma etapa operacional, ela se tornou peça-chave para garantir relevância, performance e valorização do inventário.

Mas segmentar bem não significa apenas escolher filtros como idade, gênero ou localização. A verdadeira diferença está na combinação inteligente de dados, comportamentos, contextos e intenções — tudo isso conectado aos objetivos do publisher e à experiência do usuário.

E é justamente sobre isso que vamos falar aqui.
Ao longo deste artigo, você vai explorar técnicas de segmentação avançadas, entender como aplicá-las de forma estratégica e ver exemplos práticos que podem fazer a diferença na sua operação.

Se a sua meta é se manter atualizado, extrair mais valor do seu inventário e fortalecer sua posição no ecossistema programático, você está no lugar certo. Vamos juntos?

O que é segmentação na programática e por que ela é decisiva para publishers?

Segmentar é, essencialmente, entender quem está do outro lado da tela. É selecionar, com base em dados, quais impressões serão exibidas para quais perfis de audiência. No contexto da mídia programática, essa decisão acontece em frações de segundo — e tem impacto direto na performance de campanhas e no valor de cada impressão do seu inventário.

Mas o ponto mais importante aqui é: a segmentação não é apenas sobre quem vê o anúncio, e sim sobre a relevância da entrega dentro do ecossistema de mídia digital.

Para os publishers, dominar as possibilidades de segmentação significa ter mais controle sobre o posicionamento do próprio inventário dentro dos leilões — e, principalmente, entender quais combinações de dados tornam esse inventário mais interessante para anunciantes que buscam resultados.

O papel da segmentação no leilão em tempo real

No universo do RTB (Real Time Bidding), os anunciantes definem quanto estão dispostos a pagar com base em diversas variáveis — e a segmentação é uma das principais. Um inventário que permite entregar anúncios para um público altamente qualificado, no momento certo e dentro de um contexto relevante, tende a receber lances mais altos. Por outro lado, um inventário mal segmentado, mesmo com bom volume de tráfego, pode ser desvalorizado por falta de precisão.

Ou seja, a segmentação é uma alavanca direta na precificação do seu inventário.

Segmentar, hoje, é cruzar comportamentos, entender padrões, ativar dados próprios e construir clusters com base em intenções. E tudo isso precisa estar alinhado com a estratégia editorial e comercial do publisher.

O valor da segmentação aplicada

Imagine um portal de conteúdo sobre saúde e bem-estar. Ele recebe milhões de acessos por mês — mas a diferença real de valor acontece quando ele identifica usuários que:

  • Acessam repetidamente artigos sobre saúde cardiovascular;
  • Interagem com vídeos explicativos;
  • E assinam uma newsletter com foco em longevidade.

Esse cluster, mesmo representando uma pequena fatia do tráfego total, pode ser extremamente relevante para campanhas de seguros, planos de saúde ou marcas de suplementos. E com a segmentação certa, o publisher consegue oferecer esse inventário de forma muito mais valorizada.

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Segmentação demográfica: ainda funciona — mas com papel mais tático

A segmentação demográfica é, sem dúvida, uma das mais antigas e amplamente utilizadas. Ela considera atributos básicos como idade, gênero, faixa de renda e localização geográfica. E, apesar de parecer “simples demais” em tempos de dados comportamentais e inteligência artificial, ela ainda tem o seu lugar — desde que usada com estratégia.

A pergunta que muitos publishers se fazem é: vale a pena continuar oferecendo segmentação demográfica?

O papel da segmentação demográfica no cenário atual

Hoje, essa abordagem funciona melhor como um primeiro nível de filtragem, especialmente em campanhas de branding, awareness ou alcance mais amplo. Campanhas de produtos com foco em públicos específicos — como cosméticos para mulheres 25+, ou suplementos para homens acima dos 40 — ainda se beneficiam bastante de filtros demográficos bem definidos.

No entanto, o maior valor da segmentação demográfica está quando ela é combinada com outras camadas: comportamento, interesse, contexto, localização em tempo real, entre outros.

É importante entender que, sozinha, a segmentação demográfica dificilmente entregará um bom desempenho em campanhas de fundo de funil. Isso porque ela não considera intenção, momento de jornada, nem engajamento real com o conteúdo.

Por exemplo, saber que um usuário tem entre 30 e 40 anos e mora em São Paulo é um bom começo. Mas saber que ele visitou repetidamente artigos sobre planejamento financeiro, baixou um e-book de investimentos e acessa o site via desktop em horário comercial — isso sim é informação com potencial de performance.

De acordo com uma pesquisa da AdExchanger, campanhas que usam apenas segmentação demográfica têm, em média, até 45% menos taxa de conversão em comparação com campanhas que combinam dados de comportamento e intenção.

O ideal é enxergar os dados demográficos como um filtro de qualificação inicial, que ajuda a reduzir dispersão, mas não deve ser o único critério para formar audiências. Além disso, integrar esses dados com sistemas de DMP ou CDP permite enriquecer perfis e criar segmentos mais valiosos para o mercado.

Uma dica prática: estruture seu inventário de forma que as SSPs possam identificar claramente os blocos com maior concentração de usuários com dados demográficos específicos. Isso facilita o trabalho das DSPs e aumenta a atratividade para determinadas marcas.

Segmentação comportamental: quando o histórico do usuário vale mais do que seu perfil

Se a segmentação demográfica nos diz quem é o usuário, a segmentação comportamental nos revela como ele se comporta — e isso faz toda a diferença quando o objetivo é entregar anúncios mais relevantes e eficientes.

Comportamento é tudo aquilo que o usuário faz durante sua jornada digital: páginas visitadas, frequência de retorno, tempo de permanência, cliques em categorias específicas, interações com formulários, vídeos assistidos, e por aí vai. São essas pistas que indicam a intenção real de consumo ou interesse por um determinado tema.

Por que o comportamento importa mais do que o perfil?

Vamos a um exemplo prático:
Dois usuários, ambos homens, 30 anos, morando em Belo Horizonte. Um deles acessa rotineiramente artigos sobre viagens, pesquisa destinos e lê reviews de companhias aéreas. O outro passa o tempo em conteúdos sobre tecnologia, lendo comparativos de notebooks e celulares.

Demograficamente, são idênticos. Comportamentalmente, são mundos diferentes.
E é aí que mora o poder da segmentação comportamental: ela vai além do superficial e foca em intenções reais.

Hoje, é possível capturar comportamentos relevantes dentro do próprio ambiente do publisher — principalmente se houver ferramentas de analytics bem configuradas e, de preferência, alguma estrutura de login ou interação recorrente com o usuário (como newsletter, áreas exclusivas ou fóruns).

Com esses dados em mãos, o publisher pode:

  • Criar audiências personalizadas baseadas em comportamento;
  • Agrupar usuários por frequência e profundidade de navegação;
  • Integrar esses segmentos às SSPs ou plataformas DMP/CDP;
  • Oferecer inventário para campanhas mid ou bottom funnel com mais valor agregado.

Segundo um relatório da eMarketer, campanhas baseadas em dados comportamentais têm, em média, 3x mais taxa de engajamento e até 2,5x mais retorno sobre investimento (ROI) do que campanhas que utilizam apenas dados demográficos ou contextuais isoladamente.

Estratégia para publishers: comportamento como ativo de valor

Quanto mais você conhece o comportamento da sua audiência, mais oportunidades tem de vender segmentos premium. E mais fácil fica para o anunciante enxergar o valor do seu inventário.

Por isso, investir em ferramentas que ajudem a mapear essas interações (como heatmaps, scroll tracking e comportamento de clique), além de configurar eventos em ferramentas como o Google Analytics 4, é um passo estratégico para monetização avançada.

Contextual 2.0: a nova segmentação sem cookies que entrega performance

Com o fim dos cookies de terceiros se consolidando, a segmentação contextual voltou ao centro das atenções. Mas não estamos mais falando da versão simplificada, que se baseava apenas em palavras-chave ou categorias superficiais. O que temos hoje é o que muitos chamam de contextual 2.0 — uma evolução baseada em inteligência semântica e processamento de linguagem natural (NLP).

O que é a segmentação contextual moderna?

Em essência, essa técnica busca entender o conteúdo da página em profundidade, considerando não só os termos presentes, mas também o sentimento, a relevância do tema e até a intenção por trás do conteúdo. Ou seja, não é só sobre exibir um anúncio de tênis numa página que cita “corrida” — é entender se aquele artigo trata de performance, de estilo de vida, de saúde ou de lazer.

Essa leitura refinada permite entregar anúncios mais relevantes e contextualizados, mesmo sem depender de dados pessoais.

Por que isso importa para publishers?

Com a contextualização avançada, os publishers conseguem:

  • Oferecer segurança de marca (brand safety) mais robusta aos anunciantes;
  • Valorizar conteúdos de nicho que, mesmo com menos tráfego, entregam mais contexto e intenção;
  • Preservar a privacidade dos usuários e continuar gerando valor para campanhas de alto desempenho.

Além disso, muitos anunciantes estão redobrando a atenção à privacidade e buscando ambientes com menor dependência de rastreamento individual. A segmentação contextual surge como uma solução confiável e eficaz nesse cenário.

Imagine um site de culinária com uma seção de receitas fit e outra focada em receitas rápidas para o dia a dia.
A abordagem tradicional poderia colocar os dois conteúdos sob a mesma categoria (“culinária”). Já a abordagem contextual 2.0 entende que o conteúdo fit se relaciona com hábitos saudáveis, bem-estar e nutrição — tornando-o perfeito para campanhas de produtos naturais ou aplicativos de fitness. O outro, por sua vez, se conecta com praticidade, rotina familiar e produtividade, podendo atrair anunciantes de alimentos prontos ou utensílios de cozinha.

De acordo com a IAB Tech Lab, campanhas que utilizam segmentação contextual moderna registram, em média, aumento de 50% na taxa de atenção e crescimento de até 30% no CTR, comparadas a segmentações genéricas ou baseadas apenas em dados demográficos.

Como publishers podem aplicar?

  • Estruture bem a taxonomia do seu conteúdo editorial;
  • Trabalhe com parceiros de tecnologia que ofereçam soluções de contextualização semântica;
  • Integre essas soluções às SSPs, permitindo que os anunciantes enxerguem o potencial do seu inventário sob essa nova ótica.

First-party data como diferencial competitivo na segmentação

Se há algo que o mercado programático aprendeu nos últimos anos, é que dados próprios valem ouro — especialmente em um cenário onde a dependência de cookies de terceiros está com os dias contados. Para os publishers, isso significa que coletar, organizar e ativar seus próprios dados (first-party data) deixou de ser uma opção e passou a ser uma vantagem competitiva real.

O que são dados first-party, na prática?

São informações coletadas diretamente no ambiente do publisher, com consentimento do usuário. Isso inclui:

  • Dados de navegação (páginas acessadas, tempo de permanência, categorias preferidas);
  • Informações fornecidas em formulários, logins ou cadastros;
  • Histórico de interação com newsletters, vídeos, quizzes e outros formatos interativos;
  • Preferências de conteúdo e comportamento em dispositivos.

Esses dados são confiáveis, exclusivos e altamente relevantes — justamente porque são coletados em um ambiente onde o publisher tem controle total.

Por que isso muda o jogo para quem vende inventário?

Diferente de dados de terceiros, os dados próprios não dependem de plataformas externas para existir, nem estão sujeitos às mesmas restrições de privacidade. Isso permite ao publisher:

  • Criar audiências exclusivas que só ele pode oferecer;
  • Enriquecer a segmentação com atributos altamente contextuais;
  • Oferecer insights valiosos para anunciantes, indo além do volume e apresentando profundidade de conhecimento sobre a audiência.

E mais: ao ativar esses dados por meio de uma DMP, CDP ou diretamente em plataformas programáticas com suporte a first-party data, é possível aumentar o valor percebido do inventário e justificar CPMs mais altos.

Suponha que você gerencie um portal voltado ao público jovem interessado em tecnologia e cultura pop. Ao integrar recursos como newsletter, quizzes e área de login para acesso a conteúdos exclusivos, você começa a construir um perfil mais detalhado dos usuários: seus interesses reais, frequência de acesso, horários preferidos, temas mais lidos.

Esse conjunto de dados permite, por exemplo, oferecer à indústria gamer ou de e-commerce tech segmentos hiperqualificados, como:

  • Jovens entre 18 e 25 anos que leem sobre lançamentos de games e se interessam por periféricos;
  • Usuários que retornam ao site pelo menos 3x por semana e clicam em reviews de smartphones.

Esses segmentos, quando ativados corretamente, têm altíssimo valor de mercado.

Como combinar diferentes segmentações para campanhas full-funnel

Ao longo deste artigo, falamos sobre diversos tipos de segmentação — demográfica, comportamental, contextual, geográfica e baseada em dados próprios. Cada uma tem seu papel. Mas o grande diferencial acontece quando essas técnicas não são usadas de forma isolada, e sim combinadas estrategicamente para atender diferentes etapas do funil de conversão.

Esse é o momento de sair da segmentação “por silos” e adotar uma abordagem full-funnel, em que o publisher entende que sua audiência não é estática — e sim dinâmica, em diferentes momentos de intenção e engajamento.

O que é uma estratégia de segmentação full-funnel?

É uma combinação inteligente de critérios de segmentação que permite atender desde campanhas de awareness até conversão, passando por consideração. O objetivo é entregar o anúncio certo, no contexto certo, para o usuário certo — no momento mais relevante da sua jornada.

Vamos ver isso em prática:


Topo do funil — Atração e alcance

  • Segmentações úteis: demográfica + contextual
  • Exemplo: artigos gerais sobre alimentação saudável + segmentação para mulheres 25–35
  • Objetivo: gerar reconhecimento de marca e visibilidade para produtos ou serviços com apelo amplo.

Meio do funil — Interesse e consideração

  • Segmentações úteis: comportamento + first-party data
  • Exemplo: usuários que acessam frequentemente conteúdos sobre dietas, assinam a newsletter e interagem com vídeos sobre fitness
  • Objetivo: aquecer leads, entregar conteúdo mais relevante e preparar o terreno para ofertas.

Fundo do funil — Conversão e ação

  • Segmentações úteis: intenção de compra + geolocalização dinâmica
  • Exemplo: usuários que clicaram em links para comprar equipamentos de academia, visitaram páginas de produto e estão próximos a lojas físicas
  • Objetivo: converter. Aqui, a segmentação precisa ser cirúrgica e voltada para performance.

Com o suporte das plataformas certas — e um bom trabalho de organização de dados —, é possível mapear clusters muito mais relevantes e entregar pacotes de mídia que fazem sentido para cada etapa da jornada do consumidor.

Essa visão estratégica também permite criar produtos programáticos próprios, como audiências exclusivas, pacotes temáticos e contextuais, inventários premium ou mesmo ofertas baseadas em comportamento + intenção.

Campanhas eficientes não dependem de um único tipo de segmentação. O segredo está na combinação — e na capacidade do publisher de estruturar seu inventário para atender às necessidades do anunciante de ponta a ponta.

Conclusão

Se tem algo que este artigo deixa claro, é que a segmentação na mídia programática deixou de ser uma etapa operacional para se tornar um fator-chave de performance e valorização de inventário.Dominar segmentação hoje é entender que:

  • Dados demográficos ainda têm papel, mas não atuam sozinhos;

  • Comportamento e intenção são pistas valiosas sobre o momento do usuário;

  • A segmentação contextual evoluiu e se tornou aliada forte em tempos de privacidade;

  • Dados próprios são o novo ativo estratégico dos publishers;Combinar essas estratégias de forma integrada ao funil de marketing gera mais relevância e mais retorno — tanto para o publisher quanto para o anunciante.

E a boa notícia? Tudo isso está ao alcance de publishers que estão dispostos a evoluir, organizando melhor seus dados, entendendo a jornada da audiência e posicionando seu inventário como um ativo premium dentro do ecossistema programático.

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