Você já perdeu R$3 mil de receita este mês sem perceber. Não porque seu tráfego caiu ou porque anunciantes pagam menos — mas porque seu floor price está configurado errado. É um número que você definiu há meses (ou anos), nunca mais revisitou, e que agora está drenando receita silenciosamente em cada leilão.
Floor price é o preço mínimo que você aceita em um leilão programático. Parece simples: defina alto demais e ninguém compra (fill rate desaba), defina baixo demais e você vende barato (CPM medíocre). Mas entre esses extremos existe uma zona de otimização onde pequenos ajustes geram 15-25% de receita incremental — e a maioria dos publishers brasileiros nunca chegou perto dela.
Este artigo não é teoria sobre “o que é floor price”. É um guia prático sobre os 3 ajustes que maximizam revenue sem destruir fill rate, baseados na realidade do mercado brasileiro de programática em 2025.
Por que floor price único é o erro mais caro da programática
A maioria dos publishers define floor price uma vez — geralmente R$0,50 ou R$1,00 — e aplica para todo o inventário. Mesma regra para mobile e desktop. Mesma regra para São Paulo e interior do Nordeste. Mesma regra para above the fold e below the fold.
Esse é o erro mais caro que você pode cometer em programática. Por quê? Porque você está tratando inventário completamente diferente como se fosse igual.
A matemática brutal:
Imagine que seu inventário médio vale R$2,50 de eCPM. Mas quando você segmenta, descobre que:
- Desktop tier-1 (SP, RJ) vale R$4,20
- Mobile tier-1 vale R$2,80
- Desktop tier-2 vale R$2,10
- Mobile tier-2 vale R$1,40
Se você define floor único de R$1,00:
- Desktop tier-1 você vende por R$4,20 quando poderia exigir R$2,50 de mínimo (perde margem)
- Mobile tier-2 você rejeita 40% dos leilões porque o mercado só paga R$1,40 mas seu floor é R$1,00 (perde volume)
Resultado: você está simultaneamente vendendo inventário premium barato demais e rejeitando inventário comum que poderia monetizar. É perda dos dois lados.
Por que isso acontece:
Primeiro, preguiça operacional. Configurar floor segmentado exige trabalho: analisar dados, criar regras no Google Ad Manager ou Prebid, testar e ajustar. Floor único é “configurar e esquecer”.
Segundo, medo de errar. Publishers temem que floor alto demais derrube fill rate para 50-60% e a receita total desabe. É medo legítimo — mas baseado em premissa errada de que floor precisa ser alto em todo inventário. Não precisa. Precisa ser alto onde o mercado paga alto, e ajustado para baixo onde o mercado paga baixo.
Terceiro, falta de dados. Você não sabe quanto cada segmento vale porque nunca analisou. E sem dados, qualquer ajuste é tiro no escuro.
A verdade: floor price único é configuração de amador. Operações profissionais segmentam no mínimo por device + geografia — e idealmente por posição, horário e tipo de conteúdo.
Os 3 ajustes de floor pricing que geram 15-25% de revenue incremental
Ajuste #1: Segmentação por device (mobile vs. desktop)
Mobile representa 60-70% do tráfego brasileiro, mas paga 30-40% menos de CPM que desktop. Se você tem floor único, está perdendo receita em um dos dois lados (ou ambos).
Como ajustar:
Analise os últimos 30 dias de dados no Google Ad Manager. Compare eCPM médio de mobile vs. desktop. A diferença geralmente é 35-45%.
Defina dois floors separados:
- Desktop: 60-70% do eCPM médio atual (se eCPM é R$3,50, floor vai para R$2,10-2,45)
- Mobile: 50-60% do eCPM médio atual (se eCPM é R$2,20, floor vai para R$1,10-1,32)
Por que não 80-90% do eCPM? Porque você quer maximizar receita total, não CPM isolado. Fill rate de 75-85% com CPM 20% maior gera mais receita que fill rate de 95% com CPM médio.
Resultado esperado:
Nos primeiros 7-14 dias, fill rate vai cair 5-10 pontos percentuais (de 92% para 82-87%). Ignore. Observe receita total. Se subiu 8-12%, o ajuste funcionou. Se caiu, você exagerou — reduza floor em 15-20% e teste novamente.
Caso real (sem identificação):
Publisher de conteúdo brasileiro, 8M pageviews/mês, eCPM médio R$2,40 (floor único de R$0,80). Implementou segmentação mobile (R$0,60) e desktop (R$1,50). Fill rate caiu de 91% para 83%, mas eCPM subiu para R$2,75. Receita mensal: +14,5% (R$4.200 incrementais).
Ajuste #2: Segmentação por geografia (tier-1 vs. tier-2)
Anunciantes pagam 40-60% mais por impressões em São Paulo, Rio de Janeiro e capitais do Sul/Sudeste comparado ao interior do Norte/Nordeste. Razão: poder aquisitivo, concentração de público-alvo, competição maior entre anunciantes.
Se você trata Brasil como mercado homogêneo, está vendendo tráfego de SP pelo preço do interior — ou perdendo fill no interior porque seu floor é calibrado para SP.
Como ajustar:
Divida geografias em dois grupos:
- Tier-1: SP, RJ, DF, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte, Campinas
- Tier-2: Todo o restante
Analise eCPM médio dos últimos 30 dias separando esses grupos. Tier-1 geralmente paga 45-65% a mais.
Defina floors proporcionais:
- Tier-1: 65-75% do eCPM médio tier-1
- Tier-2: 50-60% do eCPM médio tier-2
Atenção crítica: Tier-2 não significa “lixo”. Significa mercado diferente. Você ainda quer monetizar — só precisa aceitar que o CPM é estruturalmente menor. Floor baixo em tier-2 não é “vender barato”, é vender pelo preço de mercado.
Resultado esperado:
Receita de tier-1 sobe 10-15% (você estava vendendo barato). Fill rate de tier-2 sobe 5-8 pontos (você estava rejeitando lances válidos). Receita total: +12-18%.
Erro comum:
Publishers que definem floor tier-1 correto mas esquecem de ajustar tier-2 para baixo. Resultado: fill rate de tier-2 desaba para 60-65%, e a receita incremental de tier-1 não compensa a perda de tier-2. Sempre ajuste os dois lados.
Ajuste #3: Segmentação por posição (above the fold vs. below the fold)
Above the fold (ATF) são os anúncios que aparecem na primeira tela, sem scroll. Below the fold (BTF) são os que exigem scroll. ATF tem viewability 75-85%. BTF tem 45-55%. Anunciantes premium só compram ATF — e pagam 40-70% a mais por isso.
Se você tem floor único para ATF e BTF, está deixando dinheiro na mesa no inventário premium e possivelmente perdendo fill no inventário comum.
Como ajustar:
Identifique quais ad units são ATF (geralmente: leaderboard topo, banner lateral acima de 600px da dobra) e quais são BTF (banners no meio/fim de artigo, sticky footer).
No Google Ad Manager, crie targeting separado por ad unit. No Prebid, use configuração de price floors por ad unit code.
Defina floors:
- ATF: 70-80% do eCPM médio ATF (geralmente R$2,00-3,50 dependendo do nicho)
- BTF: 40-50% do eCPM médio BTF (geralmente R$0,80-1,50)
Por que essa diferença é tão grande?
Viewability. Anunciantes de marca (Coca-Cola, Samsung, Bradesco) têm policy interna: só compram inventário com viewability 70%+. Se seu BTF está em 50%, esses anunciantes nem participam do leilão. Sobram apenas anunciantes de performance e redes de arbitragem — que pagam 50-60% menos.
Ao definir floor BTF mais baixo, você aceita a realidade do mercado e maximiza receita do inventário disponível. Ao definir floor ATF mais alto, você captura o valor premium que esse inventário realmente tem.
Resultado esperado:
eCPM de ATF sobe 15-25%. Fill rate de BTF sobe 8-12 pontos (você estava rejeitando lances válidos). Receita total de anúncios display: +10-20%.
Combinação poderosa:
Se você combinar os 3 ajustes (device + geografia + posição), está criando até 12 segmentações diferentes:
- Mobile tier-1 ATF
- Mobile tier-1 BTF
- Mobile tier-2 ATF
- Mobile tier-2 BTF
- Desktop tier-1 ATF
- Desktop tier-1 BTF
- Desktop tier-2 ATF
- Desktop tier-2 BTF
Isso não é complexidade desnecessária. É precificação baseada em valor real de mercado. E o ganho é cumulativo: não 15-20%, mas 20-30% de receita incremental.
Como implementar ajustes de floor sem implodir sua operação
Ajustar floor price não é ativar um botão e esperar receita subir. Exige teste controlado, monitoramento constante nos primeiros 14-30 dias e disposição para reverter se os dados mostrarem que você errou.
Semana 1: Coleta de baseline
Não mude nada ainda. Colete dados de 7 dias:
- eCPM médio por device, geografia, posição
- Fill rate por segmento
- Receita total
Anote tudo. Essa é sua linha de base para comparação.
Semana 2: Implementação gradual
Escolha um ajuste para começar (recomendação: device, porque é o mais simples). Implemente os novos floors. Monitore diariamente:
- Fill rate caiu? Quanto? (Esperado: 5-10 pontos)
- eCPM subiu? Quanto? (Esperado: 10-15%)
- Receita total subiu ou caiu? (Métrica definitiva)
Se receita total subiu 5%+ após 7 dias, o ajuste funcionou. Mantenha e avance para próximo ajuste (geografia).
Se receita caiu ou ficou estável, você tem duas opções:
- Reduza floor em 20% e teste mais 7 dias
- Reverta e tente ajuste diferente (ex: geografia em vez de device)
Semana 3-4: Expansão e otimização
Com primeiro ajuste validado, adicione o segundo (geografia). Depois o terceiro (posição). Monitore sempre receita total — não eCPM isolado ou fill rate isolado.
Erro fatal que você não pode cometer:
Implementar os 3 ajustes simultaneamente na primeira semana. Se algo der errado, você não sabe qual ajuste foi o problema. Sempre implemente um de cada vez, valide com dados, depois avança.
Quando reverter imediatamente:
- Receita total caiu 10%+ em 3 dias consecutivos
- Fill rate despencou para abaixo de 60% (exceto em segmentos tier-2 BTF, onde 65-70% é aceitável)
- Você recebeu aviso do Google Ad Manager sobre “low fill rate” ou “bid request drop”
Nesses casos, reverta, analise o que deu errado (floor alto demais? segmentação incorreta?) e ajuste antes de tentar novamente.
Floor pricing não é “configurar e esquecer”, é estratégia contínua de revenue
Se você chegou até aqui, já entendeu que floor price único para todo inventário é amadorismo. Operações profissionais segmentam por device, geografia e posição no mínimo — e monitoram performance semanalmente para ajustes finos.
Os 3 ajustes mapeados neste artigo (device, GEO, posição) são responsáveis por 80% do potencial de otimização de floor pricing. Implementá-los corretamente pode gerar 20-30% de receita incremental nos próximos 60-90 dias, sem aumentar tráfego ou adicionar novos parceiros de demanda.
Mas implementar floor pricing estratégico exige mais do que copiar os números deste artigo. Exige análise profunda do seu inventário específico, testes controlados e monitoramento constante para ajustes baseados em dados reais — não em suposições.
Na AdSeleto, otimização de floor pricing é parte do nosso processo de maximização de receita para publishers brasileiros. Analisamos 30-90 dias de histórico, identificamos oportunidades de segmentação e implementamos ajustes que geram resultados mensuráveis sem comprometer fill rate ou experiência do usuário.
Se você quer descobrir quanto seu inventário pode gerar com floor pricing otimizado — ou se tentou ajustar sozinho e os resultados não vieram — agende uma conversa com nossos especialistas. O diagnóstico inicial é gratuito, e o ROI de corrigir floor pricing pode ser brutal: 20-30% de receita incremental em 60-90 dias é o padrão, não a exceção.