O Google Chrome iniciou uma nova fase de mudanças em suas regras de privacidade, e o impacto para publishers será profundo. A partir das atualizações mais recentes, o navegador começou a restringir ainda mais o rastreamento de usuários entre sites, reduzindo a dependência dos cookies de terceiros e fortalecendo o uso de tecnologias baseadas em privacidade, como o Privacy Sandbox.
Essas mudanças representam um passo importante na transformação do ecossistema digital. Se, por um lado, aumentam a transparência e o controle dos usuários sobre seus dados, por outro, exigem que publishers e anunciantes reavaliem suas estratégias de segmentação, mensuração e monetização.
O que antes era simples — coletar informações, criar audiências e entregar anúncios personalizados — agora depende de novos métodos, novas integrações e uma estrutura mais robusta de gestão de dados.
Neste artigo, você vai entender o que mudou nas regras de privacidade do Chrome, por que essas alterações estão acontecendo e como se adaptar para continuar monetizando com eficiência em um ambiente digital cada vez mais restritivo.
O que mudou nas regras de privacidade do Chrome
O Google vem reformulando há alguns anos a forma como o Chrome lida com rastreamento, coleta e uso de dados de navegação. A mudança mais significativa está na eliminação gradual dos cookies de terceiros, tecnologia que há décadas permite que sites e anunciantes rastreiem usuários entre diferentes domínios para personalizar anúncios.
Em seu lugar, o Google está implementando o Privacy Sandbox, um conjunto de APIs voltadas para preservar a privacidade do usuário enquanto mantém funcionalidades essenciais da publicidade digital, como segmentação, mensuração e prevenção de fraudes.
Entre as principais mudanças estão:
- Restrição de cookies de terceiros: os navegadores começam a bloquear automaticamente esse tipo de rastreamento, limitando o acesso a dados comportamentais externos.
- Novas APIs de segmentação e mensuração: soluções como Topics API e Protected Audience API substituem práticas antigas de retargeting, oferecendo dados agregados e anonimizados.
- Maior controle para o usuário: o Chrome agora oferece opções claras para gerenciar permissões e bloquear rastreadores diretamente nas configurações do navegador.
- Fim do rastreamento cross-site tradicional: práticas baseadas em identificação entre múltiplos sites estão sendo gradualmente desativadas.
Na prática, o Chrome está redesenhando as regras do jogo. O modelo antigo de publicidade baseada em rastreamento direto está sendo substituído por um ambiente mais restrito, onde a coleta e o uso de dados passam a exigir consentimento explícito e soluções técnicas compatíveis com privacidade.

Por que o Google está mudando essas regras
A mudança nas políticas de privacidade do Chrome não é isolada. Ela faz parte de um movimento global que pressiona grandes empresas de tecnologia a garantir mais transparência e controle aos usuários sobre seus dados pessoais.
Nos últimos anos, leis como o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia) e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil) colocaram a privacidade no centro das discussões sobre publicidade digital. Em paralelo, navegadores como o Safari (Apple) e o Firefox (Mozilla) já haviam bloqueado cookies de terceiros por padrão, criando uma tendência de mercado que o Google não poderia ignorar.
Além do aspecto regulatório, há uma mudança de percepção do usuário. O público está mais consciente sobre como suas informações são utilizadas e exige experiências mais seguras e menos invasivas. O Chrome, sendo o navegador mais utilizado no mundo, precisa equilibrar esse novo comportamento com a sustentabilidade da publicidade digital — base de grande parte das receitas do Google.
O Privacy Sandbox surge como a tentativa de resolver essa equação. Ele busca criar um ambiente onde anunciantes e publishers continuem podendo monetizar suas audiências, mas sem acesso direto a identificadores individuais. O foco passa a ser contexto, agregação e consentimento, substituindo o rastreamento individualizado por métodos que respeitam a privacidade.
Para os publishers, isso representa uma mudança de paradigma: deixar de depender de dados externos e construir estratégias sustentáveis baseadas em dados próprios (first-party).
Como isso impacta os publishers
As novas regras de privacidade do Chrome afetam diretamente a forma como os publishers coletam, armazenam e utilizam dados de seus usuários. Com o bloqueio gradual dos cookies de terceiros, o acesso a informações detalhadas de comportamento e interesse se torna cada vez mais limitado, o que reduz a capacidade de segmentar anúncios com a mesma precisão de antes.
O primeiro impacto está na redução de dados disponíveis para segmentação e retargeting. Campanhas que antes dependiam de cookies para identificar usuários recorrentes ou exibir anúncios personalizados agora precisam ser adaptadas para usar informações agregadas ou contextuais.
Outro ponto importante é a queda temporária na eficiência das campanhas programáticas. Enquanto o mercado se ajusta ao novo modelo, é natural que haja flutuação no CPM e na taxa de competição em leilões, especialmente para inventários que ainda não estão integrados ao Privacy Sandbox.
Além disso, publishers que não possuírem estratégias de dados próprias terão dificuldade para manter sua relevância. Em um cenário sem cookies, quem detém dados de origem direta (como cadastros, newsletters ou logins) passa a ter uma vantagem competitiva real.
Por outro lado, a transição também traz oportunidades. Publishers que investirem em first-party data, hashed emails e relacionamentos diretos com o público poderão oferecer segmentação de alta qualidade dentro das novas normas de privacidade. Esses dados se tornam ativos valiosos, capazes de gerar acordos diretos com anunciantes e aumentar o valor do inventário.
Em resumo, o impacto inicial pode ser desafiador, mas o movimento abre espaço para modelos de monetização mais sustentáveis e baseados em confiança — algo que o mercado já vinha demandando há anos.
O que os publishers podem fazer agora
As mudanças nas regras de privacidade do Chrome não são apenas técnicas — elas exigem adaptação estratégica. Publishers que agirem agora terão vantagem competitiva quando o uso de cookies de terceiros for totalmente desativado. Abaixo estão os principais caminhos para se preparar e continuar monetizando com eficiência.
1. Invista em dados first-party
Crie mecanismos para coletar informações diretamente da sua audiência, de forma transparente e com consentimento. Newsletters, cadastros, login social e áreas exclusivas são exemplos de como transformar visitantes em usuários identificáveis.
2. Adote identificadores alternativos, como hashed emails
Os hashed emails permitem reconhecer usuários de forma segura e compatível com privacidade, sem expor dados pessoais. Essa prática já é amplamente usada por SSPs e MCMs e tende a se tornar padrão na publicidade digital pós-cookies.
3. Revise políticas de consentimento e privacidade
Garanta que seu site esteja em conformidade com as legislações de proteção de dados. Atualize banners de consentimento, revise termos de uso e assegure que o visitante entenda claramente como seus dados serão utilizados.
4. Conecte-se a plataformas compatíveis com o Privacy Sandbox
Certifique-se de que seus parceiros de monetização — SSPs, DMPs e MCMs — já estão integrados ao novo ecossistema de APIs de privacidade. Isso evita perda de demanda e garante competitividade nos leilões.
5. Equilibre monetização e experiência do usuário
Com menos rastreamento disponível, a qualidade da experiência se torna um diferencial competitivo. Sites rápidos, confiáveis e transparentes fortalecem a relação com a audiência e melhoram métricas como viewability e tempo de permanência, que também impactam a receita.
Essas ações formam a base de uma operação preparada para o futuro da publicidade digital. Adaptar-se agora é o que vai determinar quem continuará crescendo em um ambiente sem cookies.
Conclusão
As mudanças nas regras de privacidade do Chrome não são apenas uma atualização técnica, mas um marco na transição da publicidade digital. O modelo baseado em rastreamento individual está sendo substituído por um ecossistema que valoriza dados consentidos, transparência e relacionamento direto com o usuário.
Para os publishers, isso significa o fim da dependência dos cookies de terceiros e o início de uma nova fase — uma fase em que dados próprios, compliance e experiência do usuário serão os diferenciais competitivos.
Quem começar essa adaptação agora estará à frente quando as restrições forem completas. Investir em dados first-party, integrar-se a tecnologias compatíveis com o Privacy Sandbox e revisar processos de coleta e consentimento deixará a operação mais estável, confiável e rentável.
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